quarta-feira, 1 de abril de 2009

Maeve e O Druida



A rainha Maeve e um druida (ilustração de Stephen Reid para The Boys' Cuchulainn de Eleanor Hull, 1904).
Rainha Maeve foi uma rainha irlandesa celta, freqüentemente cultuada como deusa por ter exercido poder e fascínio entre seus súditos na sua época. Seu nome significa "Mulher ébria" ou "rainha-loba". Reinou sobre Connacht (Irlanda), e pertenceu ao Ciclo de Uster. Deusa da guerra, participou efetivamente de vários combates, pois as mulheres nesta época e nesta cultura, não eram vistas como frágeis ou incapazes e lutavam bravamente. Tinham o poder de escolha de seus maridos com seus respectivos dotes, além disso, optavam pelo divórcio se estivessem insatisfeitas ou infelizes. Este período foi anterior ao surgimento do Deus monista que deu origem à era do patriarcado, portanto, até então as mulheres exerciam outro papel na sociedade.
Foi também um símbolo de sexualidade plena e exuberante, assim como a Vênus na cultura romana, ou Afrodite na Grega. Maeve tinha o poder de escolher seus parceiros. Sua relação com a sexualidade nada tinha a ver com promiscuidade, ao contrário disso, era saudável e magnética. Nessa época não existia o conceito de pecado cristão, o corpo e o prazer eram vivenciados sem malícia, venerados e respeitados.
Druidas (e druidesas) eram pessoas encarregadas das tarefas de aconselhamento, ensino, jurídicas e filosóficas dentro da sociedade celta. Embora não haja consenso entre os estudiosos sobre a origem etimológica da palavra, druida parece provir de oak (carvalho) e wid (raiz indo-européia que significa saber). Assim, druida significaria aquele(a) que tem o conhecimento do carvalho. O carvalho, nesta acepção, por ser uma das mais antigas e destacadas árvores de uma floresta, representa simbolicamente todas as demais. Ou seja, quem tem o conhecimento do carvalho possui o saber de todas as árvores.
Druidismo
A visão tradicional mostra os druidas como sacerdotes, mas isso na verdade não é comprovado pelos textos clássicos, que os apresentam na qualidade de filósofos (embora presidissem cerimônias religiosas, o que pode soar conflitante). Se levarmos em conta que o druidismo era uma religião natural, da terra baseada no animismo, e não uma religião revelada (como o Islamismo ou o Cristianismo), os druidas assumem então o papel de diretores espirituais do ritual, conduzindo a realização dos ritos, e não de mediadores entre os deuses e o homem.
Ao contrário da idéia corrente no mundo pós-Iluminismo sobre a linearidade da vida (nascemos, envelhecemos e morremos), no druidismo como entre outras culturas da Antigüidade, a vida é um círculo ou uma espiral. O druidismo procurava buscar o equilíbrio, ligando a vida pessoal à fonte espiritual presente na Natureza, e dessa forma reconhecia oito períodos ao longo do ano sendo quatro solares (masculinos) e quatro lunares (femininos), marcados por cerimônias religiosas especiais.
A sabedoria druídica era composta de um vasto número de versos aprendidos de cor e conta-se que eram necessários cerca de 20 anos para que se completasse o ciclo de estudos dos aspirantes a druidas. Pode ter havido um centro de ensino druídico na ilha de Anglesey (Ynis Mon, em galês), mas nada se sabe sobre o que era ensinado ali. De sua literatura oral (cânticos sagrados, fórmulas mágicas e encantamentos) nada restou, sequer em tradução. Mesmo as lendas consideradas druídicas chegaram até nós através do prisma da interpretação cristã, o que torna difícil determinar o sentido original das mesmas.
As tradições que ainda existem do que poderiam ter sido suas práticas religiosas foram conservadas no meio rural e incluem a observância do Halloween, rituais de colheita, plantas e animais que trazem boa ou má sorte e coisas do gênero. Todavia, mesmo tais tradições podem ter sido influenciadas pela cultura de povos vizinhos.

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