segunda-feira, 20 de abril de 2009

2 - Deusas Antigas - Ártemis


DEUSA ÁRTEMIS/DIANA

Todos nós conhecemos a imagem de Ártemis (Diana, para os romanos), que foi esculpida e pintada como uma deusa lunar esquia, virginal, acompanhada de cães ou leões e trazendo um arco dourado nas mãos. Ela era a deusa mais popular da Grécia. Ela habita as florestas, bosques e campinas verdejantes, onde dança e canta com ninfas que a acompanham. Em seu culto, estão presentes danças orgiásticas e o ramo sagrado. Ela era uma deusa de múltiplas facetas associadas ao domínio da Lua, virgem, caçadora e parteira e de fato representa o feminino em todos os seus aspectos.

Quando Ártemis era pequena, Zeus, seu pai, perguntou-lhe o que queria de presente em um dos seus aniversários.
Ártemis respondeu:
- Quero correr livre e selvagem com meus cães pela floresta e nunca, nunca casar. Foi feita a sua vontade.

Ártemis, é a mais antiga de todas as Deusas gregas. Alguns autores traçam suas origens às tribos caçadoras de Anatólia, que teria sido a morada das míticas amazonas. Outros afirmam sua descendência provêm da grande deusa da natureza Cibele, na Ásia Menor, uma Senhora das Feras que costumava estar sempre rodeada de leões, veados, pássaros e outros animais. Mas de acordo com Walter Burkert em "Greek Religion", é provável que Ártemis remonte à era Paleolítica, pois em sua homenagem os caçadores gregos penduravam os chifres e peles de suas presas numa árvore ou em uma pilastra em forma de maça.

ARQUÉTIPO DA MÃE DOS ANIMAIS

Ártemis /Diana era o ideal e a personificação da vida selvagem da natureza, a vida das plantas, dos animais e do homens, em toda sua exuberante fertilidade e profusão.
Na Itália chamaram-na Diviana, que significa a Deusa, um nome que é mais familiar, pois é bem similar ao seu nome original Diana. Ela era de fato a Caçadora, Deusa da lua e mãe de todos os animais. Ela aparece em suas estátuas coroada com a lua crescente e carregando uma tocha acesa. A palavra equivalente em latim para vela era "vesta" e Diana era também conhecida como Vesta. Assim, o feixe de lenha, no qual ela veio da Grécia era realmente uma tocha não acesa. No seu templo, um fogo perpétuo era conservado aceso.
Sua festa anual na Itália era comemorada no dia 13 de agosto.
Neste dia os cães de caça eram coroados e os animais selvagens não eram molestados. Bebia-se muito vinho e comia-se carne de cabrito, bolos servidos bem quentes e maçãs ainda pendentes dos ramos. A Igreja Católica santificou esta grande festa da Deusa virgem, transformando-a na festa católica da Assunção da Nossa Senhora, a 15 de agosto.

DEUSA TRÍPLICE

Como Deusa do sub-mundo, ela é associada ao Nascimento, Procriação e Morte. Como Deusa da terra, representa as três estações: Primavera, Verão e Inverno. Como Deusa do céu, ela é a Lua nas fases de Lua Nova, Lua Cheia e Lua Escura. Como Deusa Tríplice foi personificada de mulher primitiva, mulher criadora e destruidora.

ÁRTEMIS E APOLO

A versão olímpica da antiga linhagem de Ártemis a faz filha de Zeus e Leto e irmã de Apolo. A história conta que Leto sofreu as dores do parto durante nove dias e nove noites antes de dar à luz aos gêmeos. Ártemis foi a primeira a nascer, e foi um parto sem dor; depois nasceu Apolo. Segundo alguns relados, se converteram na Lua e no Sol.

A relação entre Ártemis e Apolo não foi sempre o simples vínculo entre um irmão e uma irmã que compartilham o arco e as flechas, a lira e a pureza da distância e dos grandes espaços abertos. Em Delos, onde nasceram, o templo mais antigo e de maior tamanho, que mais tarde se converteria em santuário de Apolo, construído em torno de 700 a.C., pertencia a Ártemis. O templo de Apolo foi erguido na periferia. No entanto, em Delfos, que Apolo se apropriou no século VIII a.C., enquanto pertencia antes a Deusa da Terra, Ártemis não está presente. Harrison considera significativa esta exclusão e diz:

"Ártemis, como Mãe, tinha um deus varão ou filho como consorte subordinado, do mesmo modo que Afrodite tinha a Adonis. Quando o patriarcado expulsou o matriarcado, a relação entre o primeiro casal se espiritualiza, logo esse casal se concebe na relação estéril de irmã e irmão. Finalmente, a figura feminina se desvanece por completo e o consorte varão emerge como mero filho de seu pai ou mero porta-voz da vontade de seu pai".

ÁRTEMIS/DIANA HOJE

O Arquétipo da feminilidade desta Deusa-Virgem, começa a se tornar importante novamente. Por muito tempo permanecemos à sombra da feminilidade absoluta, sob a influência de uma realidade masculinizada.
Ártemis/Diana é tão linda quanto Afrodite e nos fala que a solidão, a vida natural e primitiva pode ser benéfica em algumas fases de nossa vida. Amazona e arqueira infalível, a Deusa garante a nossa resistência a uma domesticação excessiva.
Além disso, como protetora da fauna e flora, ela é uma figura associada à ecologia contemporânea, onde há necessidade de salvaguardarmos o que ainda nos resta.
Uma parte deste redespertar da espiritualidade artemisiana já vem ocorrendo há vários anos na Europa, mas já chegou também ao Ocidente. Na Grã-Bretanha, redescobriu-se a antiga Deusa Branca dos celtas, graças ao maravilhoso livro "White Goddess", de Robert Graves.
Hoje já há também uma nova compreensão sobre feitiçaria, sob o nome de Wicca. Esta religião-arte, nada mais é do que a "antiga religião" de Diana/Ártemis. Aquelas mulheres que praticavam o culto à Deusa Diana vieram a ser identificadas com as chamadas bruxas e foram perseguidas e exterminadas. Entretanto, junto com a Wicca e outros movimentos semelhantes, está ocorrendo uma importante ressurreição das antigas tradições xamânicas e de cura nos quatro cantos do mundo.
Todos os tipos de neo-pagãos têm buscado as origens reais ou reconstruídas do xamanismo.

Texto pesquisado e desenvolvido por

ROSANE VOLPATTO

www.rosanevolpatto.trd.br

Nenhum comentário: