O flanco de mercado aberto por Harry Potter no Brasil, há dez anos, vem sendo dominado nesta última década por personagens com características sobrenaturais, cujo poder principal é o de arregimentar leitores entre o público jovem. O nicho já foi protagonizado por bruxos, por seres mitológicos e por vampiros, os atuais mandatários do pedaço. E tudo indica que em breve será tomado por criaturas celestiais. “Os anjos são o filão do momento”, diz Gabriela Nascimento, editora de títulos juvenis da Agir/Ediouro, que acaba de lançar no Brasil a trilogia Halo, da australiana Alexandra Adornetto.
Na última semana, com pouco mais de um mês de mercado e cerca de 20.000 exemplares comercializados, Halo (472 páginas, 39,90 reais), o livro que inaugura a série homônima, entrou para a lista dos mais vendidos de VEJA, onde agora figura Beijada por um Anjo, da Novo Conceito (leia mais abaixo). Lá, na semana passada, Halo encontrou outro best-seller do segmento: Fallen, inglês para “caído” (Record, 406 páginas, 39,90 reais), da americana Lauren Kate. Desde que foi publicado por aqui, no final de julho, o título vendeu mais de 50.000 cópias, reprisando o bom desempenho alcançado nos Estados Unidos, onde entrou para a lista de best-sellers do New York Times e teve seus direitos para o cinema comprados pela Disney. E marcou a entrada da robusta Record no segmento. Em outubro, a editora carioca daria partida a uma segunda série de anjos, com o lançamento de Cidade dos Ossos (462 páginas, 39,90 reais), de Cassandra Clare, famosa por seus fanfictions (derivações livres) de Harry Potter. Cidade dos Ossos, que nos EUA inspirou até uma linha de joias, teve 10.000 cópias comercializadas por aqui.
“De fato, depois da linha de Harry Potter, que une magia e fantasia, passamos pelos vampiros da Stephenie Meyer e agora há uma movimentação para o lado dos anjos”, diz Fabio Herz, diretor de marketing e relacionamento da Livraria Cultura. “Esse filão pode não atingir a força do nicho vampiresco, mas certamente vai continuar crescendo, porque há um interesse claro do público e porque o segmento dos vampiros uma hora vai saturar.”
Se é o interesse do público quem dita os rumos do mercado, não faltam indícios de que os anjos têm um céu aberto pela frente. Sussurro (264 páginas, 29,90 reais), pontapé inicial da saga americana Hush Hush, de Becca Fitzpatrick, foi lançado em junho pela Intrínseca, a mesma editora dos hits Crepúsculo e Percy Jackson, e, de acordo com a empresa, já contabiliza quase 41.000 exemplares vendidos. Sussurro foi tão bem recebido pelos leitores que sua tiragem inicial de 30.000 exemplares precisou ser repetida e agora a Intrínseca planeja uma tiragem duas vezes maior para Crescendo, o segundo título da série. O livro sai em janeiro com 60.000 cópias.
Outra saga angelical bem sucedida lá fora e importada pelo mercado nacional é Beijada por um Anjo, da americana Elizabeth Chandler, sobre um casal metade humano metade anjo. A trilogia teve seus dois primeiros livros, Uma Inesquecível História de Amor e Suspense (Novo Conceito, 263 páginas, 29,90 reais) e A Força do Amor (Novo Conceito, 263 páginas, 29,90 reais), entregues às lojas em outubro. Desde então, segundo Milla Baracchini, vice-presidente da editora Novo Conceito, de Ribeirão Preto, venderam, cada um, dezenas de milhares de exemplares. Almas Gêmeas, o último volume da série, tem lançamento previsto para 1º de dezembro.
O poder dos anjos – A publicação de um livro não se faz do dia para a noite. Os editores estão sempre visitando feiras no Brasil e no exterior, acompanhando os lançamentos e planejando o que vão pôr no mercado com um ano de antecedência, em média. Na Novo Conceito, a revoada dos anjos vinha sendo armada desde o início de 2009. “Os anjos despontaram como tendência há mais de um ano. Na época, já havia muita coisa de vampiro, nós sentíamos que esse filão estava se esgotando. Buscando algo novo para lançar, encontramos a série da Elizabeth Chandler, que nos EUA foi lançada ainda no final dos anos 1990, e deve ganhar uma continuação em 2011”, diz Milla. “O leitor brasileiro de modo geral ainda é um jovem leitor, então, se o livro for fácil, tem boa aceitação. No caso dos anjos, contribui o fato de eles não serem tão diferentes dos vampiros, que estão em alta: são personagens com poderes especiais, vivendo histórias de amor.”
Para Gabriela Nascimento, da Ediouro, além de envolvidos em histórias românticas, os anjos estão imersos em crises que permitem ao leitor, ainda mais adolescente, se identificar com eles. “Os anjos atraem pela dicotomia entre o bem e o mal, especialmente os caídos, que fazem bobagens e enfrentam dilemas. Na adolescência, os questionamentos éticos são mais acentuados e a identificação é maior com esses personagens de dois lados, que precisam escolher entre agir bem ou mal, assim como o vampiro bonzinho de Crepúsculo deseja, mas tem pudor de morder a amada.”
O tipo de discussão presente nesses livros, diz Gabriela, é capaz de atrair leitores do campo da autoajuda. “Há uma migração clara de um segmento para o outro”, conta. Não se trata, portanto, de uma literatura apenas para adolescentes. "Leitores de até 30 anos, e às vezes de mais idade, também podem se interessar.”
Livros seriados - Outro sintoma da febre dos anjos foi a distribuição pela Rocco, na última semana, dos primeiros 15.000 exemplares brasileiros de Tempo dos Anjos (288 páginas, 34,50 reais). O livro abre uma trilogia angelical da veterana Anne Rice, mais conhecida por seu envolvimento com a literatura vampiresca – em especial, pelo já clássico Entrevista com o Vampiro. A chegada de Rice ao pedaço coroa a sua ascensão. E mostra que o formato de série lançado e consagrado por J. K. Rowling e seu Harry Potter continua ditando os lançamentos para o público jovem.
De fato, apesar da mudança dos protagonistas dos livros, que agora têm asas em vez de dentes afiados ou varas de condão, a estrutura geral é semelhante. São séries de universos fantásticos dotados de verossimilhança interna e profundidade psicológica. “Harry Potter teve o mérito incontestável de ter feito as editoras no mundo inteiro olharem para o público jovem e de ter criado espaço para livros seriados”, diz Jorge Oakim, editor da Intrínseca. “A saga mostrou que livro para jovem não precisa ser simples, de menos de 200 páginas e personagens ralos. O importante é que seja um livro capaz de agradar. Se o leitor jovem gosta de um livro, ele não para mais de ler.”
Fonte: Veja, de 27 de 11 de 2010
sábado, 27 de novembro de 2010
terça-feira, 2 de novembro de 2010
Ser Celestial
E então? O que é "ser um Celestial", para você? Enquanto você pensa numa resposta, vou te dizer o que é, para mim, ok?
Antes de mais nada, penso num Celestial como num humano que se encontra numa nova condição. Não achei uma fonte que tirasse minha dúvida, então não acho que se "nasce" anjo. Prefiro crer que os anjos são "espíritos" de pessoas que morreram, e foram destinadas a lutar contra as "forças do mal"...
Aqui, nessa idéia, gostaria de comentar duas palavras. A primeira é "espírito". Não sou espírita, mas respeito essa doutrina, assim como todas as outras. Então, quando afirmo que, na minha idéia, "anjos" são "espíritos", não o falo dentro dessa idéia, e sim daquela que separa o que é visível e concreto ou material daquilo que é invisível e abstrato ou imaterial.
A segunda idéia é de que "anjos combatem as forças do mal", subentendendo-se que eles fazem parte das "forças do bem", na idéia de que há "mocinhos" e "vilões", tão comum a todas as culturas...
Na verdade, no RPG, usamos as idéias básicas do Zoroastrismo, religião mais antiga ainda praticada, e que influenciou o Cristianismo, justamente nessa idéia de "bem" e "mal", "céu" e "inferno"...
Explicando: o nosso livro-base, "Anjo, A Salvação", se baseia na religião criada por Zoroastro (ou Zaratustra), um profeta que viveu cerca de 700 anos antes de Cristo, na Pérsia (atual Irã). O nome dele era diferente desse, mas os gregos o chamavam assim (em grego, Zoroastro seria "contemplador de astros"). Agora, leia isso:
Um dia Zaratustra estava meditando às margens de um rio quando um ser estranho lhe apareceu. Ele era indescritível, tal a sua beleza e brilho. Zaratustra perguntou-lhe quem era ele, ao que teve como resposta: "Sou Vohu Mano, a Boa Mente. Vim lhe buscar". E tomou-lhe a mão, e o levou para um lugar muito bonito, onde sete outros seres os esperavam.
Vohu Mano e os outros seres seriam anjos? Provavelmente...E, no início, tivemos sete Cleros...E foi assim que Zoroastro começou a aprender e ensinar essa nova religião. Na doutrina zaratustriana, antes de o mundo existir, reinavam dois espíritos ou princípios antagônicos: os espíritos do Bem (Ahura Mazda, Spenta Mainyu, ou Ormuz) e do Mal (Angra Mainyu ou Arimã). Divindades menores, gênios e espíritos ajudavam Ormuz a governar o mundo e a combater Arimã e a legião do mal.
Partindo desse princípio (e dessa explicação), chego à conclusão de que há algo determinado em nossas vidas, e algo que devemos decidir...Quando nasci, já estava previsto que eu seria Celestial. Mas, cada provação, cada ensinamento, cada situação, cada perda, cada ganho, foram essenciais para me testar, para que eu mesma decidisse de que lado ficar...Então, minhas ações foram aprovadas, e quando morri, acabei vindo para o Éden (outros devem ter tido destino diferente do meu...).
Mas, uma perguntinha filosófica: "o que é ser bom?" Se eu salvar a vida de uma pessoa, e depois descobrir que essa pessoa matou outra, qual terá sido o meu papel? Nos filmes e seriados há muito disso: se eu tivesse agido diferente, aquela pessoa teria morrido? Eu sou má, então???
Acho que ser Celestial também passa por essas contradições...Veja a imagem que usei nesse post...Não é nenhum anjinho sorridente, de cabelinhos loiros e roupinhas lavadas com Omo Multi-Ação...Pelo contrário, parece mais um ser angustiado, que precisa se deparar com situações terríveis diariamente, que teve perdas inestimáveis (talvez por isso não queira se envolver com ninguém, assim como o Sam, do seriado "Supernatural"). Por outro lado, pode ter uma grande paixão mas, por força do destino, tenha que estar afastado dela (como o anjo de "Cidade dos Anjos"), ou tenha visto tanta coisa ruim, que ficou meio frio (como os anjos de "Legião" ou "Dogma"). Só não concordo em fazer acordos com o capeta, como fez o anjo de "Constantine", pois aí estaria confirmando o que Maquiavel disse, que "os fins justificam os meios"...Ou será que seria o nosso lado humano fraquejando???
De uma forma ou de outra, escrevi esse post para orientar quem precisa "criar seu anjo" e lhe falta idéias. Assista os filmes que citei, ou a série, para se inspirar. Mas, se você preferir fazer anjinhos loiros de roupinhas e asinhas brancas, também posso ajudar, ok?
Afinal de contas, os Celestiais são unidos contra as forças do mal, e o segredo dessa união é a luminosidade da alma, coisa que "os lá de baixo" não possuem...
Antes de mais nada, penso num Celestial como num humano que se encontra numa nova condição. Não achei uma fonte que tirasse minha dúvida, então não acho que se "nasce" anjo. Prefiro crer que os anjos são "espíritos" de pessoas que morreram, e foram destinadas a lutar contra as "forças do mal"...
Aqui, nessa idéia, gostaria de comentar duas palavras. A primeira é "espírito". Não sou espírita, mas respeito essa doutrina, assim como todas as outras. Então, quando afirmo que, na minha idéia, "anjos" são "espíritos", não o falo dentro dessa idéia, e sim daquela que separa o que é visível e concreto ou material daquilo que é invisível e abstrato ou imaterial.
A segunda idéia é de que "anjos combatem as forças do mal", subentendendo-se que eles fazem parte das "forças do bem", na idéia de que há "mocinhos" e "vilões", tão comum a todas as culturas...
Na verdade, no RPG, usamos as idéias básicas do Zoroastrismo, religião mais antiga ainda praticada, e que influenciou o Cristianismo, justamente nessa idéia de "bem" e "mal", "céu" e "inferno"...
Explicando: o nosso livro-base, "Anjo, A Salvação", se baseia na religião criada por Zoroastro (ou Zaratustra), um profeta que viveu cerca de 700 anos antes de Cristo, na Pérsia (atual Irã). O nome dele era diferente desse, mas os gregos o chamavam assim (em grego, Zoroastro seria "contemplador de astros"). Agora, leia isso:
Um dia Zaratustra estava meditando às margens de um rio quando um ser estranho lhe apareceu. Ele era indescritível, tal a sua beleza e brilho. Zaratustra perguntou-lhe quem era ele, ao que teve como resposta: "Sou Vohu Mano, a Boa Mente. Vim lhe buscar". E tomou-lhe a mão, e o levou para um lugar muito bonito, onde sete outros seres os esperavam.
Vohu Mano e os outros seres seriam anjos? Provavelmente...E, no início, tivemos sete Cleros...E foi assim que Zoroastro começou a aprender e ensinar essa nova religião. Na doutrina zaratustriana, antes de o mundo existir, reinavam dois espíritos ou princípios antagônicos: os espíritos do Bem (Ahura Mazda, Spenta Mainyu, ou Ormuz) e do Mal (Angra Mainyu ou Arimã). Divindades menores, gênios e espíritos ajudavam Ormuz a governar o mundo e a combater Arimã e a legião do mal.
Partindo desse princípio (e dessa explicação), chego à conclusão de que há algo determinado em nossas vidas, e algo que devemos decidir...Quando nasci, já estava previsto que eu seria Celestial. Mas, cada provação, cada ensinamento, cada situação, cada perda, cada ganho, foram essenciais para me testar, para que eu mesma decidisse de que lado ficar...Então, minhas ações foram aprovadas, e quando morri, acabei vindo para o Éden (outros devem ter tido destino diferente do meu...).
Mas, uma perguntinha filosófica: "o que é ser bom?" Se eu salvar a vida de uma pessoa, e depois descobrir que essa pessoa matou outra, qual terá sido o meu papel? Nos filmes e seriados há muito disso: se eu tivesse agido diferente, aquela pessoa teria morrido? Eu sou má, então???
Acho que ser Celestial também passa por essas contradições...Veja a imagem que usei nesse post...Não é nenhum anjinho sorridente, de cabelinhos loiros e roupinhas lavadas com Omo Multi-Ação...Pelo contrário, parece mais um ser angustiado, que precisa se deparar com situações terríveis diariamente, que teve perdas inestimáveis (talvez por isso não queira se envolver com ninguém, assim como o Sam, do seriado "Supernatural"). Por outro lado, pode ter uma grande paixão mas, por força do destino, tenha que estar afastado dela (como o anjo de "Cidade dos Anjos"), ou tenha visto tanta coisa ruim, que ficou meio frio (como os anjos de "Legião" ou "Dogma"). Só não concordo em fazer acordos com o capeta, como fez o anjo de "Constantine", pois aí estaria confirmando o que Maquiavel disse, que "os fins justificam os meios"...Ou será que seria o nosso lado humano fraquejando???
De uma forma ou de outra, escrevi esse post para orientar quem precisa "criar seu anjo" e lhe falta idéias. Assista os filmes que citei, ou a série, para se inspirar. Mas, se você preferir fazer anjinhos loiros de roupinhas e asinhas brancas, também posso ajudar, ok?
Afinal de contas, os Celestiais são unidos contra as forças do mal, e o segredo dessa união é a luminosidade da alma, coisa que "os lá de baixo" não possuem...
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